tag:blogger.com,1999:blog-1406508496862968212024-02-20T18:40:25.939-08:00Blog do MozartBlog do Mozarthttp://www.blogger.com/profile/00260772007844616417noreply@blogger.comBlogger1125tag:blogger.com,1999:blog-140650849686296821.post-81026783226567782432009-05-05T08:03:00.001-07:002009-05-07T08:45:45.760-07:00BESAME MUCHODe que adianta ter sido um dos maiores compositores de todos os tempos, um dos maiores gênios da humanidade, se o reconhecimento vem de maneira equivocada? Já repararam o que tem de condomínio chamado Mozart? São construções das mais diferentes categorias: conjuntos populares, torre comercial, condomínio de casas. Quando o prédio é de padrão mais alto ou tem a fachada neoclássica, o nome varia para <span style="font-style: italic;">Condominium Amadeus</span>. Nunca entendi por que colocar condomínio em algo parecido com latim. É só para dificultar a vida do porteiro. Se o meu nome fosse usado para batizar obras de excelência arquitetônica, ficaria feliz. Mas nomeando caixas de concreto sem graça, eu preferiria que usassem o nome do Salieri.<br /><br />No entanto, o que mais me aborrece não é ter meu nome utilizado como marca de chocolate, licor ou nome de edifício. O que me incomoda é ter meu repertório quase todo (e olhe que são mais de 600 obras) vertido para a música de elevador. Aliás, a música de elevador talvez seja, de todos os gêneros musicais, o mais inusitado, porque é uma música pensada para não ser ouvida. Quanto menos notada, mais ela realiza a sua vocação. Em geral, para se fazer uma música de elevador, uma composição famosa é rearranjada (ou desarranjada, se preferir) para que seja reconhecida, mas não notada. Ela é fruto de uma mente engenhosa que achou que seria um pesadelo você ficar subindo ao seu andar ou enchendo o carrinho do supermercado tendo que ouvir os ruídos do ambiente. Então, neste momento, para preencher esse terrível silêncio, começa a soar <span style="font-style: italic;">Eine Kleine Nachtmusik</span>, versão tecladinho Casio, passado no liquidificador.<br /><br />Gostaria de saber quem produz essas versões e que gerente-financeiro as compra. Será que se trata de um programa de computador capaz de transformar em segundos uma obra-prima em encheção de linguiça sonora? Ou será que há músicos de verdade contratados para executar (no sentido literal) as versões para elevador? Neste último caso, até imagino a seleção do pessoal:<br />– Você está demitido.<br />– Por quê?<br />– Fechou os olhinhos enquanto executava <span style="font-style: italic;">Flauta Mágica</span>.<br /><br />O problema é que esse gênero musical não me coloca ao lado de Bach, Beethoven e Schubert, mas sim de Richard Clayderman e Kenny G.<br />Dia desses, fui fazer uma massagem e lá estava eu sendo executado conjuntamente com o ruído de cachoeiras e pássaros. A massagista perguntou:<br />– O que senhor tem? Está tão tenso.<br />– É essa maldita música relaxante.Blog do Mozarthttp://www.blogger.com/profile/00260772007844616417noreply@blogger.com8